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Mais Mulheres Por Favor

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05
Ago18

[LIVROS] | Mulheres Viajantes

 

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Já não me recordo do exacto momento em que adquiri este livro, mas sei que olhei diversas vezes para ele imaginando que estava a perder muito ao deixá-lo na estante. Mal a Cláudia antecipou a terceira edição do projecto Ler Os Nossos para o mês de Julho, soube que não podia esperar mais. As moléculas que constituem o meu corpo elevaram-se metafisicamente ao longo desta leitura e foi com grande tristeza que o terminei, mas, como tudo o que nos marca perdura também em nós, para além de recordar estas mulheres, de ter feito imensas marcações no livro, já adquiri, até ao momento da escrita deste texto, três livros escritos por mulheres referidas em Mulheres Viajantes, de Sónia Serrano. Tenho outros na lista de desejos, ao mesmo tempo que o meu coração vai sonhando com viagens, com o desconhecido e a descoberta.

 

Não sendo uma mulher viajante no verdadeiro sentido da expressão, já fiz um interrail na Europa (entre outras viagens isoladas pelo continente europeu), já fui ao Brasil duas vezes e conheci alguns países da América Central, mas ainda me falta conhecer muito, com um especial destaque para a Ásia, para os Estados Unidos da América e alguns países da América do Sul. Nunca viajei sozinha e sonho diversas vezes com isso, intercalando a excitação ímpar com o medo aterrador. A leitura de Mulheres Viajantes potenciou todas estas emoções a uma escala inimaginável e dou por mim (mais vezes do que era habitual) a delinear planos de poupanças e destinos que pretendo descobrir até ao fim da vida. Desconhecia quase por completo as histórias das mulheres referidas neste livro, por isso, tornou-se ainda mais importante partilhá-lo por aqui, já que é por demais notório que foram sempre os homens que tiveram mais destaque neste e noutros ramos literários, culturais, etc. Porque estas mulheres foram tão ou mais incríveis, tão ou mais percursoras, porque merecem ser conhecidas e que a sua história perdure ao longo dos séculos. Para que nos inspirem, para que nos emocionem, para que nos impulsionem a viajar, a perder o medo de ir ao mesmo tempo que mantemos os pés bem firmes no chão, a descobrirmos e deslumbrarmo-nos, mas também para que tomemos contacto com outras realidades que são, tantas vezes, tão mais duras e difíceis que a nossa.

 

O livro de Sónia Serrano está dividido em duas partes: a primeira mais direccionada à viagem em si, o contexto histórico, a sua ligação com a escrita, os perigos e a logística que lhe estão associados, já com algumas referências às mulheres viajantes, e a segunda, com as mulheres propriamente ditas: as pioneiras, as que foram até ao Oriente, as que exploraram África, as que percorreram o mundo, as que viajaram para se descobrirem e as contemporâneas. Tomamos contacto com dezoito mulheres que fizeram feitos incríveis e que deixaram marcas que perdurarão na história, para além de outras mulheres que nos são apresentadas com maior brevidade (sem um capítulo dedicado a estas).

 

Compreendi tão bem a autora quando esta expressa quão ingrato é deixar certas histórias por contar ou não incluir outras mulheres que também o mereciam, mas Mulheres Viajantes é um trabalho muito completo e que nos acende o bichinho de descobrir mais sobre estas mulheres e de ir ler o que escreveram, assim sendo, penso que Sónia Serrano foi mais do que bem sucedida, resta apenas desejar que não se fique por aqui.

Este livro pretende apenas dar a conhecer alguns nomes. Se tenho de justificar o critério de inclusão de uma viajante em prol de outra quase fico sem argumentos. Foram tantas, são tantas. Mulheres que se desviaram da rota normal das suas existências e em decisões audazes mudaram o curso das suas vidas, provando que a viagem - esse domínio masculino desde os tempos mais remotos - também lhes pertencia.

Mais do que falar sobre estas mulheres, pretendo que elas falem por si. Foi o que tentei fazer nos capítulos que se seguem: dar-lhes voz, recuperar palavras, desvendar pensamentos, revelar imagens, para nos tornarmos testemunhas das suas vidas aventureiras.

Quanto às mulheres abordadas em Mulheres Viajantes e aos livros que já adquiri e que pretendo adquirir, muita coisa há para dizer, várias recusaram-se a seguir determinados protocolos e chocaram pela sua coragem, outras vestiram-se e mudaram o cabelo de forma a serem vistas como homens e evitarem problemas e interdições, algumas deram-se com personalidades influentes do Oriente e mediaram relações diplomáticas na época, por fim, há ainda as que continuam entre nós, a viajar e a deliciar-nos com as suas palavras. Gostava de destacar:

 

Gertrude Bell (1868-1926) que, para além de viajante da secção Paixões orientais, revelou aptidões excepcionais no alpinismo. Gertrudspitze é o cume que ostenta o seu nome nos Alpes Suícos, por ter sido a primeira a alcançá-lo em 1901

Conta 32 anos quando parte sozinha para Jerusalém, onde vivem amigos diplomatas. A par de aprender árabe, em Março comanda a sua primeira expedição pelo deserto. Chegará a Petra, depois de ter percorrido a árida região, o que lhe dá a oportunidade de verificar as inúmeras incorrecções dos mapas disponíveis. Ao todo, percorre cerca de 250 quilómetros a cavalo durante 18 dias. [...]

Gertrude mapeará algumas das regiões do Médio Oriente, corrigindo muitas informações. A título anedótico, refira-se que o seu nome é citado no filme O Paciente Inglês, de 1997, quando alguns soldados ingleses debruçados sobre mapas perguntam se é possível passar por determinadas montanhas e um deles diz «Os mapas de Bell mostram um caminho», ao que o outro responde «Bom, esperemos que ele tenha razão». O destaque é meu. Que a verdade seja restituída.

Continuando a viver em Bagdade e a trabalhar de perto com o rei, é nomeada directora de antiguidades, com o fim de perservar o vasto e rico património arqueológico mesopotâmico. Voltando à sua paixão pela arqueologia, Bell redigirá uma lei de antiguidades radicalmente inovadora para a época, considerando que os objectos escavados deveriam permanecer no Iraque. Recorde-se que por volta dos anos 20 do século XX o habitual era partilhar metade dos espólios encontrados, reclamados pelos arqueólogos europeus e americanos.

Livro adquirido: Uma Mulher na Arábia (Relógio D'Água, 2017)

 

Annemarie Schwarzenbach (1908-1942) enquadra-se na categoria d'As viagens interiores pois vive uma história trágica, marcada pela angústia existencial devido ao consumo de drogas, aos diversos internamentos e algumas tentativas de suicídio. Annemarie viaja pelo mundo escrevendo reportagens para diversos jornais sobre os locais onde se encontra, um dos quais Lisboa, trabalhando também como fotojornalista. Escreve também diversos romances resultantes das suas viagens.

Em Outubro de 1933, parte para aquela que será a primeira de quatro viagens ao Médio Oriente, percorrendo, durante sete meses, a Turquia, a Síria, o Líbano, a Palestina, o Iraque e o Irão, e acompanha diversas escavações arqueológicas em curso naquelas regiões. Desta viagem, que lhe dá direito a ser capa do prestigiado jornal Zurcher Illustrierte a 27 de Outubro de 1933, resultará o livro Winter in Vorderasien (Inverno no Próximo Oriente), publicado em Outubro de 1934. Histórias fragmentadas da experiência, nunca verdadeiros livros de viagem no sentido objectivo de um relato de lugares, mesmo que eivado de notas subjectivas. Annemarie carrega a paisagem dentro de si e torna-se um espelho dela [...].

Livro adquirido: Inverno no Próximo Oriente (Relógio D'Água, 2017). Estão também editados, Com Esta Chuva (Relógio D'Água, 2018), Todos os Caminhos Estão Abertos (Relógio D'Água, 2016), O Vale Feliz (Teodolito, 2017) e Morte na Pérsia (Tinta-da-China, 2008).

 

Alexandra Lucas Coelho (n. 1967), a única portuguesa entre as 18 mulheres em destaque neste livro, na categoria Contemporâneas. Era, naturalmente, a que conhecia melhor, pois já li dois livros seus (E a noite roda e O Meu Amante de Domingo), apesar de nenhum deles ser um dos livros de viagens que publicou. Ainda assim, havia muito que desconhecia, pelo que foi um prazer descobrir mais sobre esta portuguesa já com uma vasta obra e currículo na literatura de viagens e não só.

O México não é um país para fracos, ela sabe-o e atravessa-o, dando-nos a realidade dura e amarga da miséria e da violência, mas também a história, a arte, o belo, a firmeza dos que contra todos os horizontes sombrios teimam em resistir. A morte celebrada em festa. Impressiona como em pouco menos de um mês de estadia ela, que confessa nada saber do país antes de lá ir, consegue absorvê-lo tão profundamente. O México será a sua viagem mais importante num lugar onde todos os tempos coexistem, séculos dentro do mesmo dia, [...]

e, claro, Frida, a quem dedica belíssimas páginas: «Frida usou o corpo como um altar mexicano, sublimando a dor. Partido por dentro, o corpo voltava-se para fora e resplandecia. Era o seu triunfo diário sobre a morte.»

Livro adquirido: Viva México (Tinta-da-China, 2010). Estão também editados, Caderno Afegão (Tinta-da-China, 2009), Oriente Próximo (Relógio D'Água, 2007) e Vai, Brasil (Tinta-da-China, 2015) - para além dos seus romances.

 

Para além destas três mulheres, gostava de destacar também Freya Stark (O Vale dos Assassinos, pela Relógio D'Água), Karen Blixen (autora do famosíssimo África Minha, pela Relógio D'Água) e Jan Morris (conhecida por Enigma* e Veneza, pela Tinta-da-China). Muitas são as recomendações e grande é o impulso para devorar todas as obras destas mulheres, espero ter-vos contagiado também.

 

*livro autobiográfico sobre a história da sua mudança de sexo

02
Ago18

[LIVROS] | Meninas

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Já tinha lido poesia e romances de Maria Teresa Horta, faltavam os contos. Como já era de esperar, Maria Teresa Horta não desilude, continua a surpreender com o seu maravilhoso domínio da escrita e da emoção. Não sendo a maior apreciadora de contos, foi com grande prazer que li o conjunto de 32 contos (e um poema final) que compõem este Meninas.

 

O título deste livro é bastante elucidativo quanto às personagens principais dos contos, no entanto, nada (a não ser aquilo que já conhecemos dos temas abordados pela autora) nos prepara para os retratos feitos ao longo dos mesmos. Estes contos são constantemente marcados por uma enorme carga emotiva, são duros, viscerais e muito tocantes, como Maria Teresa Horta já nos habituou. Em Meninas somos confrontados com histórias de meninas abandonadas, negligenciadas e vítimas de todo o tipo de maus tratos. São meninas que, apesar de tudo, são tantas vezes bravas, corajosas e resilientes. Os contos são ficcionais (por vezes baseados em personagens históricas como Carlota Joaquina), mas há muito da infância de Maria Teresa Horta nestas linhas.

Os verdadeiros encontros raramente se assemelham à literatura, embora consigam ser quase tão fortes quanto ela.

 

Livro após livro.

 

Desde pequena que eu sei da salvação e do fascínio da leitura, a compensar a fealdade imprevisível, a vertigem no despenhar incongruente, o perigo da entrega, o desamor desamado.

Páginas voltadas com sofreguidão desatada na ânsia de saborear o sonho, iludir a solidão, compensar a falta de afecto. Já em criança descobria nelas a beleza, entendia nelas o paraíso.

Pulsos estreitos, abertos pelo peso dos livros.

Gostei particularmente dos contos que têm lugar nos Açores, nomeadamente na ilha do Faial, onde nasci. É difícil transcrever a emoção de ler uma das nossas escritoras preferidas escrever sobre um local tão remoto e pouco conhecido, perdido no meio do Atlântico, e que conhecemos tão bem, mas é mesmo muito especial. Outra coisa que me agradou sobremaneira nestes contos foi o efeito visual dos mesmos, os infinitos tons de azul e verde, a construção frásica envolvente e muito descritiva.

 

Os meus contos preferidos foram Lilith (um monólogo no vente materno), Ondas (com citações do romance homónimo de Virginia Woolf), Katie Lewis (retratada a ler por Edward Burne-Jones), Sem Culpa (publicado numa colectânea de homeagem aos 35 anos da morte de Clarice Lispector) e o conto final, dilacerante, Estrela. Recomendo vivamente.

- Matilde, pára de abanar o banco! - ralhou a minha avó, e apesar de nem sequer me ter aproximado do banco de jardim onde ela lia, fui aquietar-me a seu lado, bem comportada, com a flor alva entre os dedos e a palma da mão suada, a tentar dominar o sobressalto que já então me causava o saber-me injustiçada e também perplexa por sentir o chão a mover-se debaixo dos meus pés, num repuxar diferente dos tremores de terra a que a ilha do Faial já me habituara. E ali fiquei emudecida, a cheirar no vento agreste que entretanto se levantara do lado do oceano à nossa frente o mesmo odor de sempre, numa mistura entrançada-entrelaçada de terra e mar,

de salsugem e gaivotas, de limos e verdete.

31
Jul18

[LIVROS] | Vem à Quinta-Feira

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O livro escolhido para o #lerpoesia de Julho foi uma das compras da Feira do Livro, Vem à Quinta-Feira, de Filipa Leal, uma autora que ainda não tinha lido, mas que fiquei a conhecer através de alguns poemas publicados em diversas redes sociais, promovendo o livro. Como é hábito nas edições da Assírio & Alvim, esta é uma edição primorosa e muito bonita, e o único defeito que lhe podemos apontar é ser demasiado curta.

 

Como já adivinhava pelos poemas que fui lendo, identifiquei-me muito com a poesia da Filipa Leal e não conseguir prolongar a sua leitura por vários dias, li-o de seguida, lamentando não ter mais nada da autora para ler. Já investiguei algumas edições (Deriva Editores e Abysmo), nomeadamente O Problema de Ser Norte (2008), mas que se encontram esgotadas. A única que encontrei disponível foi Cidade Líquida & Outras Texturas (2006), mas a que faz mesmo bater o meu coração mais depressa é a que referi antes. Fica a nota para que a Assírio & Alvim reedite as suas obras - aqui têm uma fiel compradora.

 

A temática, os jogos de palavras e a naturalidade da poesia de Filipa Leal, bem como o poema dedicado a Herberto HelderOs Meus Primeiros Passos em Volta, neste Vem à Quinta-Feira (a propósito do poema Caranguejola, de Mário de Sá Carneiro), conquistaram-me definitivamente, pelo que me resta apenas deleitar-me com os poemas que surgem por aí e pelos livros que hão-de vir.

 

Para Aprender a Chorar

 

Juntaram no jantar de escritores

um crítico literário,

um poeta zen,

uma poetisa dada à música contemporânea,

uma produtora de espectáculos de fusão,

e eu.

 

Eu era, naturalmente, a mais alta representante da poesia

lamechas. Eu era a da voz grossa, a que lia poemas

deles pelas esquinas da cidade. Eu era a que fazia pausas

para o cigarro, a que não tinha companhia

para tanto mar, tanto frio, tantas interrupções de medo e nicotina.

 

Talvez alguém tenha falado de tristeza.

É um tema que me interessa.

 

Eu não sei chorar, disse. Nunca aprendi a chorar.

Aflijo-me. Fico com falta de ar.

Quero chorar muito mas acabo por chorar pouco

porque tenho medo de me engasgar e morrer.

 

Oh, riso geral.

Esta poeta lamechas é tão engraçada, tão dada

à auto-ironia, tão menos lamechas do que nós

pensávamos.

 

Nessa noite, chorei muito.

26
Jul18

[LIVROS] | Uma Volta ao Mundo com Leitores

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Viagens e livros são tudo o que uma pessoa pode pedir para ser feliz. Um livro que conjugue estes dois mundos tem, à partida, um potencial gigante, à semelhança das expectativas que criamos em torno dele. Uma Volta ao Mundo com Leitores, de Sandra Barão Nobre, criadora do Acordo Fotográfico, surge a propósito de uma viagem de cerca de 6 meses à volta do mundo, em que a autora percorreu catorze países, começando no Brasil, passando pela Austrália, Tailândia, Índia, África do Sul, terminando em Cabo Verde, locais onde fotografou e conversou com diversos leitores que se cruzaram com o seu caminho. A escolha da maior parte dos destinos prendeu-se com as suas fortes ligações a Portugal e à língua portuguesa, mas deixo o prelúdio desta viagem em aberto para que o descubram através da sua leitura, já que me surpreendeu e emocionou bastante.

 

Este livro é composto pelas fotografias que Sandra vai tirando aos leitores (enquanto lêem) com quem se cruza, as quais são acompanhadas por textos que descrevem o local onde a foto foi tirada, o ambiente, a troca de palavras entre fotógrafa e fotografado e, claro, ao livro em questão. A ligação entre países, viagens e leitores fotografados é feita num tom mais intimista e pessoal, que foi muito mais do meu agrado do que os textos que acompanhavam as fotos. Talvez porque sou de facto mais interessada pela experiência da viagem em si do que pelo encontro casual com pessoas que, na maioria das vezes, não estavam a ler livros que me interessassem muito.

 

Para além dos livros e das histórias por detrás da sua leitura não me terem impressionado particularmente, nota-se uma grande evolução entre os primeiros textos, mais curtos e objectivos, sem tanto sentimento, e os textos a partir de Timor-Leste, muito mais pormenorizados, intensos e com mais conteúdo. Ainda assim, foram os textos em itálico que me deliciaram, que me fizeram sonhar com uma viagem deste calibre, com tudo o que esta tem de bom e de mau (curiosamente, a citação que vou partilhar neste texto acompanha uma fotografia, mas é já do final do livro, onde textos mais pessoais e textos de fotografias já quase não se distiguem). Parabéns à Sandra pela coragem de se aventurar numa viagem à volta do mundo, pelo amor pelos livros, pela leitura, e pelos leitores, pela partilha.

 

Havia cinco meses que não estava em Portugal e apercebia-me agora, de forma pugente, que não me apetecia regressar a casa. Cedi estupidamente a um sentimento de nostalgia pela viagem que ainda não tinha acabado e admito que a minha experiência em São Tomé tenha sido afetada por esse estado de espírito. Costumo dizer que foram muitas as ocasiões durante a viagem em que chorei de alegria, mas foi São Tomé que me arrancou as únicas lágrimas de tristeza. Dos catorze países onde estive no decorrer da viagem, este foi o que mais altos e baixos me provocou. Deslumbramento e nojo. Paz e revolta. Paixão e desprezo. Querer ficar mais tempo e não ver a hora de partir para bem longe. Foi quase um trauma. Não consigo parar de pensar em São Tomé, de falar sobre São Tomé, de me perguntar por que raio toda a gente, os são-tomenses incluídos, parece ter desistido de São Tomé. E embora tenha sido muito duro, tenho saudades de quase tudo o que lá vi e vivi.

PS: não percebo o que se anda a passar para as imagens que carrego nos posts ficarem com tão má resolução, já que no telemóvel e no portátil estão perfeitíssimas.

 

25
Jun18

[PROJECTOS] | Ler os Nossos

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Este ano o projecto "Ler os Nossos" da Cláudia chega mais cedo e vai decorrer durante o mês de Julho. Como tem sido hábito, vou participar e já escolhi as minhas leituras, de modo a encaixar nos desafios criados para esta edição:

 

Um livro comprado recentemente

Vem à Quinta-Feira, de Filipa Leal - livro de poesia que comprei na Feira do Livro, que irá servir também para o projecto #lerpoesia de Julho.

 

Um autor português recomendado por alguém

Mulheres Viajantes, de Sónia Serrano - não foi uma autora recomendada, mas sim o livro em si, muito curiosa para saber mais sobre estas mulheres viajantes.

 

Um título que não te parece minimamente interessante, mas vais arriscar

Meninas, de Maria Teresa Horta - custou-me horrores incluir Maria Teresa Horta neste desafio, mas dei voltas e voltas à estante em busca de um livro que encaixasse minimamente e não encontrei nada - os títulos pesam muito no momento da escolha dos meus livros e é raro arriscar na compra de um livro com um título duvidoso. Este pareceu-me o livro com o título mais vago e simples que tinha na estante, mas sei que, definitivamente, não será um risco. Estou perdoada, pela batota e heresia?

 

Um livro que te custou uma pechincha

Uma Volta ao Mundo com Leitores, de Sandra Barão Nobre - comprado há cerca de um ano na Livraria Déjà Lu e que tenho estado a deixar de parte, a aguardar por este projecto.

 

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