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Mais Mulheres Por Favor

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14
Jun18

[LIVROS] | Frankenstein

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Frankenstein, de Mary Shelley, era um dos clássicos escritos por mulheres que, vergonhosamente, ainda não tinha lido. Felizmente, foi o livro escolhido para a leitura de Março/Abril do Clube dos Clássicos Vivos, cujo encontro para a respectiva discussão aconteceu no primeiro fim-de-semana da Feira do Livro e que resultou, como sempre, numa troca de opiniões maravilhosa. Como se já não houvesse motivos suficientemente bons, este ano, celebram-se os duzentos anos da publicação da primeira edição desta obra, pelo que a sua leitura não poderia ter acontecido em melhor momento.

 

Não sendo um livro favorito da vida, gostei mais do que estava à espera (confesso que tinha o pressentimento de que o acharia enfadonho). Como a maioria das pessoas, apesar de já ter ouvido falar dezenas ou centenas de vezes em Frankenstein, estava bastante longe de conhecer a história original, pelo que foi uma excelente surpresa conhecê-la, assim como poder constatar que a escrita e a história de Mary Shelley não são, de todo, enfadonhas, muito pelo contrário, gostei particularmente da forma como Shelley nos conduz pelo romance.

O dia, um dos primeiros da primavera, até a mim conseguiu animar mercê da maravilha da sua luz e do suave perfume do seu ar. Senti renascer em mim sensações de prazer e brandura que julgava mortas havia muito. Meio surpreendido pela novidade de tais sensações, deixei-me embalar por elas e, esquecendo a minha solidão e a minha deformidade, ousei ser feliz. Lágrimas suaves banharam-me de novo as faces e até ergui os olhos húmidos para o bendito Sol, a agradecer-lhe a alegria que me dava.

Mary Shelley, escreveu um romance que abrange os géneros gótico, terror/horror e ficção científica. Se, hoje em dia, dificilmente ficaremos horrorizados com esta história, na época, ou seja, há duzentos anos, este romance foi realmente inovador, chegando mesmo a ser considerado como a primeira obra de ficção científica da história. Quando começou a escrever Frankenstein, Mary Shelley tinha apenas 19 anos.

 

Em relação à estrutura deste romance, agradaram-me mais as partes onde este é narrado através de cartas escritas por Robert Walton, capitão de uma expedição náutica no Pólo Norte, dirigidas à sua irmã Margaret, relatando o seu encontro com Victor Frankenstein (criador da criatura). Quando Victor lhe conta a sua história, terminam as cartas e Victor toma o lugar de narrador. No final, quando Victor termina a sua narração, regressamos às cartas novamente, encerrando-se a história com um final que me agradou bastante. Perto do final da narrativa de Victor há um momento em que a postura deste se torna demasiado repetitiva e com um tom de autocomiseração excessivo, algo que me fez desligar um pouco da história, mas pouco depois a narrativa volta a ganhar mais acção e o entusiasmo renasce.

 

Se ainda não leram este clássico precursor na literatura em tantos aspectos, leiam-no.

 

07
Mar18

[LIVROS] | Jane Eyre

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Jane Eyre, de Charlotte Brontë, foi a leitura do Clube dos Clássicos Vivos para os meses de Janeiro e Fevereiro. Vamos discuti-lo no dia 17 de Março, em Sintra, por isso, ainda vão mais do que a tempo de o ler e aparecer por lá. Os encontros do Clube são sempre uma animação e uma experiência de partilha e troca de opiniões incrível.

 

Esta escolha agradou-me desde o início por dois motivos, por ser um grande clássico escrito por uma mulher e por já se encontrar na minha estante (por ler) há demasiado tempo. Apesar do meu entusiasmo inicial, não estava à espera de gostar tanto desta leitura. Acredito que o li na fase certa da minha vida, já que este livro me serviu de refúgio durante um dos meses mais difíceis de sempre. De cada vez que lhe peguei, senti-me a mergulhar nesta história, como se seguisse Jane a cada passo, nada mais havia à minha volta, foi um verdadeiro bálsamo para a vida real.

 

Creio que este clássico desperta sentimentos mistos nos leitores, há os que o adoram e os que não se arrebatam com Jane e toda a história acaba por lhes passar um pouco ao lado. O facto deste livro ter tido a capacidade de me absorver por completo, fazendo-me sentir cada dor e cada momento de felicidade de Jane Eyre como se fossem meus, fez com que tudo me parecesse perfeito: a escrita (apesar desta edição não ser das melhores), o desenrolar da história e até mesmo os clichés com que nos vamos deparando ao longo desta leitura, que os há, é verdade, no entanto, nem por uma vez me fizeram revirar os olhos, produziram sim em mim uma sensação de conforto.

 

A história que Jane Eyre nos vai contando, na primeira pessoa, desde os tempos em que, em criança, vive na casa da tia e dos primos, local onde nunca foi bem recebida, passando pelo colégio interno de Lowood até se tornar perceptora, está tão bem descrita e articulada a cada capítulo, que a sua fluidez encontra-se realmente próxima da perfeição. Todos estes ingredientes provam-nos inequivocamente que Charlotte Brontë escreveu um romance maravilhoso, que perdura e, sem dúvida, perdurará ao longo dos tempos.

 

Esta foi uma experiência de leitura tão pessoal, íntima e introspectiva que se tornou complexo colocar por escrito tudo o que esta me fez sentir, resta-me apenas acrescentar que Jane Eyre fez-me verdadeiramente feliz e deixou-me cheia de esperança e a transbordar de amor, apesar dos tempos sombrios que estava a viver. Por este motivo, este livro terá para sempre um lugar especial no meu coração e irei, certamente, ficar com os olhos a brilhar de cada vez que o recordar.

 

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