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29
Dez18

[LIVROS] | Morte na Pérsia

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Pouco tempo depois da desilusão que tive com Inverno no Próximo Oriente, li Morte na Pérsia, para o Clube dos Clássicos Vivos. Contrariamente ao primeiro, que andei a mastigar imenso tempo e em sofrimento, li-o num ápice, gostei da escrita e do registo deste livro. Creio que este livro não será do agrado da maioria dos leitores, mas comigo funcionou bastante bem, sobretudo pela diferença de estilo entre as duas partes que o constituem e pelo facto de se ler de forma muito fluida, sem que haja tempo para que o interesse esmoreça. Morte na Pérsia restaurou completamente a fé que tinha depositado em Annemarie Schwarzenbach, na altura em que li Mulheres ViajantesAo ler este segundo livro, consegui, finalmente, compreender o motivo desta ser uma autora que, por um lado, é uma referência neste género de literatura, mas, por outro, não é muito falada (pelo menos foi essa a ideia com que fiquei).
 
Em Morte na Pérsia consegui imaginar-me nos locais descritos por Schwarzenbach e sentir realmente interesse pelo meio envolvente, pelas conversas, pelos pensamentosAdorei a forma como o seu ponto de vista se faz notar ao longo da primeira parte, ao contrário do que tinha achado em Inverno no Próximo Oriente, em que tudo me pareceu um marasmo e mal notei o carisma da autora. Na segunda parte, Annemarie Schwarzenbach deixa de lado o registo típico da literatura de viagens e o texto torna-se muito intenso, apaixonante e febril. Deixo também uma referência à "Nota Prévia" deste livro, onde encontramos um reflexo da carga introspectiva e angustiante típica da autora e pela qual tenho um particular fascínio.
 
Este livro trará pouca alegria ao leitor. Não o poderá consolar nem reconfortar, como muitas vezes os livros tristes sabem fazer, pois é opinião corrente que o sofrimento se reveste de força moral, na condição de ser condignamente suportado. Tenho ouvido dizer que mesmo a morte pode ser edificante, mas confesso que não acredito, pois como seria possível ignorar a sua força implacável? A morte é demasiado incompreensível, excessivamente desumana, e só perde a sua violência quando nela reconhecemos o único caminho sem retorno que nos é concedido para escapar aos nossos falsos caminhos.
 
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