[LIVROS] | Espelho Inicial
Em 1960, Maria Teresa Horta estreia-se na poesia com um livro de poemas cujo título é bem elucidativo: Espelho Inicial. Uma vez que adquiri recentemente a sua Poesia Reunida, decidi ler este seu primeiro livro para o Projecto #lerpoesia do mês de Junho.
Conhecendo de antemão alguma da sua poesia (Anunciações e Poesis), foi com alguma estranheza que mergulhei neste Espelho Inicial. Raras foram as vezes que me senti confortável com as suas palavras, achei os poemas demasiado complexos e pouco fluidos para o meu gosto poético pessoal. Frequentemente me vi forçada a ler os poemas diversas vezes para compreender ou tirar algum significado dos mesmos e, mesmo assim, dificilmente alcancei o meu objectivo.
Para a poesia funcionar comigo tenho de lê-la e captar logo alguma coisa, sentir uma palpitação apaixonada e, por vezes, relê-lo para interiorizar algo que me possa ter escapado na primeira leitura. No entanto, houve poucos momentos em que isso aconteceu com esta obra de estreia de Maria Teresa Horta na poesia. Reconheço-lhe a qualidade, mas comigo não funcionou tão bem quanto estava habituada, ainda assim, fiquei ainda mais curiosa para ler os próximos livros que compõem esta Poesia Reunida porque acredito que vá ser bastante interessante notar-lhe o crescimento e evolução poética.
Inquietação
quero-me inquieta
de sol
a intransigência da vida
penetrou-me
bastarda de mim mesma
noites incompletas
onde me exijo urgência