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11
Out17

[LIVROS] | A Primeira Pessoa e outras histórias

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Este foi o primeiro livro que li de Ali Smith e, apesar de não ter ficado completamente rendida à sua escrita, fiquei encantada com algumas passagens. A Primeira Pessoa e outras histórias é um livro composto por doze contos, dos quais adorei particularmente O Verdadeiro Conto, que parte de uma conversa entre dois homens, um mais velho e outro mais novo, sobre a diferença entre o romance e o conto. O mais novo diz que o romance não passa de uma puta velha e flácida enquanto o conto é uma ágil deusa, uma elegante ninfa.

 

Não sendo o género literário que me arranca mais suspiros, fiquei absolutamente fascinada com a forma que O Verdadeiro Conto exalta as qualidades do conto face ao romance, deixando-me com vontade de dar mais oportunidades aos livros de contos. Destaco especialmente a parte final, onde nos são apresentadas as opiniões de alguns escritores sobre o conto.

Grace Paley diz que optou por escrever apenas contos, porque a arte é demasiado extensa e a vida demasiado curta, porque os contos são, por natureza, acerca da vida, e porque a própria vida é sempre baseada em diálogo e discussão.

Outro dos contos que mais gostei foi Fidélio e Bess, sobre a relação entre duas mulheres e cheio de referências às óperas Fidélio e Porgy and Bess. Este conto, que tem tanto de belo quanto de triste, fez-me sentir profundamente conectada a esta história de poucas páginas, uma das razões pelas quais fiquei com vontade de ler mais obras de Ali Smith.

Estamos condenadas em terra e condenadas no mar, tu e eu; tão condenadas quando seguramos o braço uma da outra no metro como quando discutimos sobre cultura no carro da pessoa com quem vives; tão condenadas num bar sentadas em frente uma da outra ou lado a lado no cinema, na ópera ou no teatro; tão condenadas como quando nos abraçamos intensamente nas várias camas dos vários quartos quase iguais onde vamos para ter o sexo que a pessoa com quem vives não sabe que temos.

"Writ" consolidou, por fim, a minha decisão em relação à escritora escocesa, nascida em Inverness. Relata o encontro entre uma mulher e o seu eu de catorze anos de uma forma tão simples e cativante, algo que, sem dúvida, sinto falta na maior parte das vezes em que leio contos, já que tantas são as vezes em que, rapidamente, se perde o sentido, a finalidade e a ligação com a história e, quando damos por nós, já estamos no início de outro conto. Para minha felicidade, a posterior leitura de Outono comprovou que Ali Smith é uma escritora contemporânea para acompanhar bem de perto.

 

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